
“A gente fica achando que é o máximo
Liberdade pra escolher a cor da embalagem” – Humberto Gessinger
Liberdade pra escolher a cor da embalagem” – Humberto Gessinger
Ou é zero ou é um.
Sem escolha, somos constantemente levados a
optar por isto ou aquilo, ou seja, a opção de se colocar em uma posição de
escolha não vem de si mesmo, mas sim de algo que independe de nós. Ao pararmos
o carro no sinal de trânsito, um trabalhador correndo nos apresenta pendurando
no retrovisor do carro um pacote com balas e um outro pacote com amendoim. Ou
você compra ou não compra. Se comprar, terá escolhido entre o amendoim ou as
balas, raramente adquirimos os dois. Não ampliarei a questão de que o item já
vem com dois pacotes de amendoim. E se eu quiser apenas um, posso pagar a metade?
Realmente escolhemos o que queremos?
Se no mundo real é assim, o que dizer do ambiente virtual? O período contemporâneo (anos 2000 adiante) é marcado pelo
avanço tecnológico em um ritmo jamais observado, a vida atual mesclou-se
demasiadamente a virtualidade, o que estendeu o conceito de realidade ao que
era antes paralelo, virtual.
Agora todos somos produtores de conteúdo, jornalistas, comentaristas, críticos (literário, gastronômico, cinematográfico, político...), o que aparentemente é um terreno livre, no qual produzimos e absorvemos o que deliberadamente desejamos, não se sustenta em liberdade.
Desenvolve-se a vida virtual, de modo geral, em plataformas prontas, como Facebook, Instagram, Twiter... Em uma publicação da BBC Brasil de 2016, Tom Chatfield relata que não há real liberdade de influências no que produzimos, utilizando fontes que apontam que a disponibilização do que é visto é feito de modo parcial, onde os “trends topics” são determinados por funcionários de carne e osso e possuem tendências anticonservadoras. Sob essa ótica o que aparece no “feed” é algo direcionado “por” e direcionador “de”, possibilitando mudanças em nossos comportamentos por alterações sutis nas informações filtradas.
Agora todos somos produtores de conteúdo, jornalistas, comentaristas, críticos (literário, gastronômico, cinematográfico, político...), o que aparentemente é um terreno livre, no qual produzimos e absorvemos o que deliberadamente desejamos, não se sustenta em liberdade.
Desenvolve-se a vida virtual, de modo geral, em plataformas prontas, como Facebook, Instagram, Twiter... Em uma publicação da BBC Brasil de 2016, Tom Chatfield relata que não há real liberdade de influências no que produzimos, utilizando fontes que apontam que a disponibilização do que é visto é feito de modo parcial, onde os “trends topics” são determinados por funcionários de carne e osso e possuem tendências anticonservadoras. Sob essa ótica o que aparece no “feed” é algo direcionado “por” e direcionador “de”, possibilitando mudanças em nossos comportamentos por alterações sutis nas informações filtradas.
Na série Mr. Robot, no 2° episódio da 1ª temporada , o protagonista dialoga com sua terapeuta e afirma que nada
na vida é uma escolha livre, pois todas as opções que podemos selecionar estão
predispostas. A história já contada sobre o amendoim ou balas no sinal, se
escolhermos amendoim só podemos levar o pacote com duas unidades. Em todo o
episódio mencionado, o ator é levado a dualidades as quais não buscou,
simplesmente foram impostas a ele por outros personagens, levando-lhe a ter de
se posicionar, um tipo de alegoria na vida real para apontar o que é a
internet. Se não somos os criadores, utilizamos as ferramentas de outrem que
possuem seus próprios interesses. Empresas de portes colossais, que
recentemente atingiram a casa dos trilhões de dólares de valor de mercado,
permitem que façamos o que lhes são conveniente, o que lhes garantem a
manutenção do exercício de poder.
Compramos o que queremos? Veementemente respondemos não. Encerramos com um excerto do cinema do Diabo
veste prada, como um paralelo da atuação das grandes empresas nas nossas vidas e com a música "Selva" cantada pela banda engenheiros do hawaii"
Miranda – Algo engraçado?
Andréa – Não, nada. É que para mim estes dois cintos são iguais. Eu ainda estou aprendendo sobre esta coisa.
Miranda – Esta “coisa”? Ah, entendi. Você acha que isso não tem nada a ver com você. Você abre o seu guarda-roupa e pega, sei lá, um suéter azul todo embolado porque você está tentando dizer ao mundo que você é séria demais para se preocupar com o que vestir. Mas o que você não sabe é que esse suéter não é somente azul. Não é turquesa. É “sirilio”. E você também é cega para o fato de que em 2002 Oscar de la Renta fez uma coleção com vestidos somente nesse tom. E eu acho que foi Yves Saint Laurent, não foi? Que criou jaquetas militares em sirilio. Eu acho que precisamos de uma jaqueta aqui. E o sirilio começou a aparecer nas coleções de muitos estilistas. E logo chegou às lojas de departamentos. E acabou como um item de liquidação nessas lojinhas de beira de esquina. E foi assim que chegou a você. E sem dúvida esse azul representa milhões de dólares em incontáveis empregos. E é meio engraçado como você acha que fez uma escolha que te exclui da indústria da moda, quando, na verdade, você está usando um suéter que foi selecionado para você pelas pessoas nesta sala entre uma pilha de “coisas”.
Andréa – Não, nada. É que para mim estes dois cintos são iguais. Eu ainda estou aprendendo sobre esta coisa.
Miranda – Esta “coisa”? Ah, entendi. Você acha que isso não tem nada a ver com você. Você abre o seu guarda-roupa e pega, sei lá, um suéter azul todo embolado porque você está tentando dizer ao mundo que você é séria demais para se preocupar com o que vestir. Mas o que você não sabe é que esse suéter não é somente azul. Não é turquesa. É “sirilio”. E você também é cega para o fato de que em 2002 Oscar de la Renta fez uma coleção com vestidos somente nesse tom. E eu acho que foi Yves Saint Laurent, não foi? Que criou jaquetas militares em sirilio. Eu acho que precisamos de uma jaqueta aqui. E o sirilio começou a aparecer nas coleções de muitos estilistas. E logo chegou às lojas de departamentos. E acabou como um item de liquidação nessas lojinhas de beira de esquina. E foi assim que chegou a você. E sem dúvida esse azul representa milhões de dólares em incontáveis empregos. E é meio engraçado como você acha que fez uma escolha que te exclui da indústria da moda, quando, na verdade, você está usando um suéter que foi selecionado para você pelas pessoas nesta sala entre uma pilha de “coisas”.
Samuel Romão
Nossa, que blog fantástico. rsrs
ResponderExcluir